Espuma dos dias… lições esquecidas da guerra na Síria, cópia na Ucrânia? — “Os serviços de inteligência do Reino Unido desencadearam o ataque químico na Síria em 2013, como mostram documentos revelados”, por Kit Klarenberg

Seleção e tradução de Francisco Tavares

12 min de leitura

Os serviços de inteligência do Reino Unido desencadearam o ataque químico na Síria em 2013, como mostram documentos revelados

 Por Kit Klarenberg

Publicado por  em 19 de Setembro de 2023 (original aqui)

 

Autoridades dos EUA suprimiram avaliações internas de que a ala síria da Al Qaeda tinha uma célula de produção de sarin “avançada”, precisamente quando os EUA culparam publicamente o governo de Assad por um ataque com armas químicas em 2013, revela um relatório.

Documentos divulgados obtidos pela The Grayzone mostram que um obscuro contratante da inteligência Britânica ajudou a vender a história de que Assad era o responsável – e quase desencadeou a intervenção Ocidental.

 

Em 13 de setembro, o jornalista investigador Seymour Hersh, vencedor do Prémio Pulitzer, publicou uma avaliação da Agência de Inteligência de Defesa dos EUA (DIA) detalhando o arsenal de armas químicas possuído pelo Grupo de oposição armada sírio alinhado com a Al Qaeda conhecido como Jabhat al-Nusra. O documento afirma que o grupo terrorista adquiriu a capacidade de produzir sarin através da Arábia Saudita e da Turquia, ambos patrocinadores da guerra por procuração Síria, e estava a tentar alcançar a “produção em larga escala” do agente nervoso altamente tóxico. O memorando lamentava que a “relativa liberdade de operação” da Al-Nusra no país significasse que suas “aspirações [de armas químicas] seriam difíceis de perturbar no futuro.”

As divulgações levantam sérias questões sobre o infame ataque com armas químicas de 2013 em Ghouta, nomeadamente se as estimadas 280 a 1700 pessoas mortas foram de facto massacradas pela Al-Nusra, e não por forças leais à Síria. As revelações também lançam dúvidas significativas sobre as alegações de que o governo de Bashar al-Assad foi responsável por outros alegados ataques químicos durante a crise síria.

Como Hersh observa, o incidente em Ghouta quase desencadeou uma intervenção militar ocidental na Síria, que provavelmente se teria assemelhado à operação da NATO que levou à destruição da Líbia dois anos antes. Teria sido uma guerra baseada em engano comparável às falsas alegações que precipitaram a invasão ilegal do Iraque pelos EUA em 2003.

O papel da inteligência britânica na tentativa de escalar o conflito foi menosprezado até este ponto. Agora, documentos oficiais nunca antes vistos obtidos por The Grayzone ilustram o papel crucial que a inteligência britânica desempenhou no esforço fracassado de lançar uma invasão da NATO à Síria.

 

A avaliação dos serviços de inteligência de ‘alta confiança’ falha

Embora a Casa Branca de Obama afirmasse possuir provas incontestáveis de que o governo sírio era responsável pelo ataque em Ghouta, recusou-se obstinadamente a divulgá-las. Por outro lado, as comunicações interceptadas por espiões alemães sugeriram que Assad não ordenou nem tinha conhecimento do ataque. Entretanto, “múltiplas” autoridades norte-americanas disseram à AP que a informação de inteligência implicando as forças sírias “não era uma aposta certa.”

A escolha deste modo de formular foi amplamente entendida como uma referência deliberada à insistência do então diretor da CIA, George Tenet, de que a inteligência mostrou que o Iraque possuía armas de destruição massiva em 2002. Aparentemente, os espiões americanos não queriam ser responsabilizados por desencadear uma invasão sob falsos pretextos desta vez.

A avaliação interna do DIA afirma explicitamente que a Al-Nusra manteve instalações de produção de sarin, descrevendo a “célula de produção de sarin associada à frente al-Nusrah” como “a trama de sarin mais avançada desde o esforço pré-9/11 da al-Qaeda.”

Segundo Hersh, o relatório em questão nunca chegou à Casa Branca. Um alto funcionário da inteligência anónimo teria dito ao jornalista que, em nome da “conveniência política”, as provas que implicam a Al-Nusra foram deliberadamente sonegadas ao Presidente Obama, que insistiu repetidamente que tais provas não existiam:

“Não acreditamos que, dados os sistemas de lançamento, usando foguetes, a oposição possa ter realizado esses ataques. Concluímos que, de facto, o governo sírio as realizou.”

As autoridades de inteligência na Grã-Bretanha adotaram um tom semelhante. Em 27 de agosto de 2013, o Joint Intelligence Committee (JIC) de Londres publicou uma avaliação sobre Ghouta que sustentava que “não há cenários alternativos plausíveis” à ideia de que as forças do governo sírio foram responsáveis pelo incidente.

A avaliação não ofereceu provas para apoiar a acusação, citando apenas informações “altamente sensíveis” não especificadas. Embora o comité reconhecesse que vários grupos de oposição estavam buscando armas químicas, insistiu que “nenhum deles tem atualmente a capacidade de conduzir [um] ataque nessa escala” e que não havia “nenhuma informação de inteligência credível ou outra evidência para substanciar” alegações de que grupos de oposição possuíam armas químicas. Mas os documentos do DIA recém-publicados contradizem completamente essa afirmação.

Ainda menos impressionante, o JIC admitiu que a sua “elevada confiança” na sua avaliação não se estendia à “motivação precisa do regime para realizar um ataque dessa escala neste momento”. Reconhecia que a questão-chave de porque razão o governo sírio conduziria um ataque químico “continua a ser um enigma”. Não houve “nenhum desencadeador político ou militar óbvio” para a ação, e a presença de inspetores de armas da ONU em Damasco quando o ataque ocorreu foi um claro elemento dissuasório, do mesmo modo que Obama fez de tais ataques uma “linha vermelha”.

Uma área de certeza para o JIC foi o “extenso vídeo atribuído ao ataque no leste de Damasco”, retratando um grande número de vítimas que sofrem os efeitos aparentes de “um agente nervoso, como o sarin”. O Comité avaliou que isso “seria muito difícil de falsificar”, o que dá credibilidade a investigações independentes que atribuem os corpos vistos nas filmagens a um massacre realizado pela Al-Nusra.

Surpreendentemente – tendo em conta todas as agressivas opiniões pró-intervenção em que se envolveria na década seguinte — o jornal The Guardian publicou uma análise altamente cética na altura que criticou a avaliação JIC pela sua “impressionante falta de qualquer evidência científica”. A publicação citou o especialista em armas químicas Alastair Hay, que recebeu o prémio de Haia da Organização para a Proibição de Armas Químicas em 2015, dizendo: “não há factos concretos, é mais um caso de ‘acredite em nós e nos nossos especialistas.’”

Os legisladores britânicos também não estavam convencidos. Durante uma votação de 29 de agosto sobre a intervenção militar, o então Primeiro-Ministro David Cameron citou repetidamente a avaliação do Comité enquanto defendia o bombardeamento da Síria. Mas os deputados acabaram por votar contra a guerra proposta. Muitos deputados estavam preocupados em confiar em avaliações de inteligência opacas após o desastre no Iraque, e vários expressaram temores de que um ataque aéreo inicial acabaria por levar a colocar tropas no solo e ocupação.

A decisão de Londres de ceder à intervenção também tirou de cima da mesa a perspectiva de Washington também. A essa altura, o MI6 vinha realizando operações para contrabandear amostras de solo para fora da Síria há algum tempo. Um relatório dos grandes media sobre esses esforços publicado seis dias após o incidente de Ghouta citou uma “fonte Ocidental sénior” anónima que deixou claro que o objetivo era gerar pressão para uma intervenção dos EUA:

“O MI6 desempenhou o papel principal, mas os militares americanos querem mais provas antes de concordar que Assad cruzou a linha no uso de armas químicas. A questão é: o que é que o Ocidente vai fazer agora? Se ninguém reagir, não adianta muito a realização dos testes.”

Como The Grayzone revelou, os meios de inteligência britânicos estiveram intimamente envolvidos na encenação ou comercialização de praticamente todos os alegados ataques com armas químicas na Síria durante todo o conflito. A trapaça britânica não deixou de se intensificou depois de Ghouta, tal como aconteceu com a famigerada operação Timber Sycamore da CIA, que viu Langley gastar cerca de US $1 bilhão por ano para armar e treinar insurgentes anti-Assad. E enquanto a CIA prosseguia a sua guerra suja contra Damasco, o MI6 desempenhou um papel fundamental de apoio.

 

Os agentes britânicos da inteligência, manipuladores da oposição síria

Uma considerável coligação internacional estava a apostar que os parlamentares britânicos dariam luz verde à intervenção, acreditando que abriria as comportas para a mudança de regime e a Síria a ser invadida por forças estrangeiras.

John Jenkins, um diplomata veterano que serviu como Representante Especial de Londres na Líbia após o violento derrube de Muammar Gaddafi pela NATO em 2011 e mais tarde se tornou embaixador do Reino Unido na Arábia Saudita, disse que havia um grave ressentimento em Riad após o fracasso dos governos ocidentais em morderem o isco.

“Lembro-me vividamente da última semana de agosto de 2013, quando Assad seria punido por ultrapassar essa ‘linha vermelha’ em particular”, escreveu Jenkins, que estava “em Riad na época e envolvido na busca, em nome do governo britânico, de um envolvimento sénior dos sauditas numa resposta internacional, que eles estavam dispostos a dar.”

“A sensação de frustração quando o Reino Unido e os EUA recuaram era palpável”, observou.

Documentos divulgados analisados por The Grayzone mostram que extremistas apoiados pelo Ocidente na Síria também estavam desanimados. Uma apresentação no final de 2013 ao Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico por uma empresa chamada ARK International registou como “a liderança da oposição síria ficou ‘chocada’ com o voto do ‘não’ do Reino Unido sobre o princípio da intervenção.”

ARK era um contratante do governo fundado pelo antigo agente do MI6 Alistair Harris e composto por veteranos militares e de inteligência. Durante a guerra suja contra a Síria, foi um actor omnipresente.

Uma rápida olhada no site da ARK revela que o grupo tem parcerias com a USAID, o departamento de Estado dos EUA e os militares britânicos. O grupo apresenta-se como uma “empresa social que capacita as comunidades locais” através da “prestação de intervenções ágeis e sustentáveis para criar uma maior estabilidade, oportunidade e esperança para o futuro.”

Nos documentos divulgados, a ARK expressou ansiedade de que as milícias antigovernamentais agora não estariam dispostas a “trabalhar com conselheiros ocidentais”, dada a “inação sobre o conflito em estado estacionário e a inatividade após o ataque com armas químicas de agosto de 2013”. Uma vez que operava na Síria desde os primeiros dias da crise, a ARK gabou-se de poder contar com uma equipa de árabes para “ganhar de novo a confiança e o respeito do Exército Sírio livre, e contrariar a percepção entre a oposição de que os seus líderes estavam a ‘ser instruídos sobre o que fazer’ por estrangeiros.”

A intromissão clandestina da ARK na Síria foi massiva. O grupo arrecadou milhões de libras conduzindo operações de guerra psicológica financiadas por Londres, que visavam desestabilizar o governo de Bashar Assad, inundando os media em todo o mundo com propaganda pró-oposição, num esforço para convencer sírios, organismos internacionais e cidadãos ocidentais de que os grupos militantes que arrasavam em todo o país eram uma alternativa “moderada”.

Documentos divulgados mostram que a ARK foi responsável pela coordenação do gabinete de Comunicação Social da coligação Nacional Síria. Um desses arquivos observa que a ARK entregou explicitamente “conselhos de manipulação dos media sobre os ataques com armas químicas em Ghouta” ao governo fantoche paralelo apoiado pelo Ocidente.

Outro relatório descreve o trabalho do grupo “[facilitando] o contacto entre a oposição síria e os media… para enfrentar a percepção de uma oposição descoordenada, promovendo a imagem de uma frente única. A “condenação unida” de Ghouta era especificamente citada como um exemplo dos seus esforços.

 

ARK propaga a estratégia de tensão do ataque químico

Um documento particularmente impressionante explica que a ARK foi contratada em 2013 pelos governos britânico e americano para entregar “uma campanha de mensagens de segurança pública”, alertando os residentes do território ocupado pela oposição sobre os perigos de munições não detonadas “e outros remanescentes de guerra”. Moldes de grafite e um livreto de atividades relevantes para a idade educacional “destinado a crianças de 6 a 10 anos foram empregados para produzir um “efeito cognitivo” em públicos selecionados, observa o documento.

A implementação da campanha foi “acelerada após o ataque com armas químicas em Ghouta … para garantir que a mensagem fosse divulgada antes de qualquer intervenção internacional”, revela o arquivo. Isso indicava que o esforço foi conduzido na expectativa de um ataque militar ocidental que parecia inevitável no final daquele ano.

Mesmo depois de a intervenção não se ter concretizado, o conteúdo pró-oposição ainda circulava por toda a Síria pela “extensa rede no país da ARK, que incluía ligações, ativistas dos media” e membros dos capacetes brancos, ou Defesa Civil Síria — que a empresa também reivindicou o mérito de ter criado.

A ARK sabia claramente que a sua propaganda tinha impactos significativos no mundo real, mostram documentos. Em informações ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, o grupo gabou-se de como um documentário “sobre o espírito infatigável de uma manifestante feminina em dificuldades” que produziu para transmissão para os canais de propriedade da Monarquia do Golfo Al Arabiya, Al Jazeera, E Orient TV levou à “erupção de protestos anti-regime” em Idlib, onde “manifestantes gritaram o seu nome.”

A empresa de serviços de inteligência britânica também produziu documentários que promoviam os capacetes brancos, como” Digging for Life”, que acumulou centenas de milhares de visualizações no YouTube. Os capacetes brancos também foram comercializados como heróis para a juventude síria.

Num desenho animado de quatro minutos intitulado “meta para a Síria“, o grupo pode ser visto a resgatar uma criança presa em escombros. A certa altura, um personagem adulto ladra: “primeiro eles bombardearam-nos com produtos químicos e agora com bombas de explosivos!” A ARK estava visivelmente interessada em promover o risco desses ataques em território ocupado, tanto on como off-line. Num dossier, o grupo gabou-se de que um “cartaz de informações sobre armas químicas” que circulou no Twitter “atingiu uma audiência primária de 700.000 pessoas.”

Estes esforços visavam ostensivamente “educar as pessoas sobre as melhores maneiras de responder aos ataques com armas químicas”. É claro que esta suposta campanha educativa demonizou o governo de Assad entre as populações cativas na Síria e criou um sentimento perpétuo de ameaça, que poderia ser explorado para criar histeria para fins de propaganda, como a resposta ao incidente de Douma de abril de 2018 amplamente mostrou.

Uma investigação suprimida da OPAQ sobre o alegado ataque de cloro em Douma revela que quando os residentes que sofreram de inalação de poeira devido ao bombardeamento do governo na cidade foram levados para um centro médico local, um indivíduo sem nome “não do hospital” explodiu gritando “químicos! químicos!” Imediatamente,” seguiu-se o pânico “com os pacientes a serem despidos, lavados e recebendo “tratamento inadequado” com base nas falsas advertências do indivíduo.

Surpreendentemente, o relatório revelou que “alguns funcionários médicos que foram entrevistados só ouviram falar do alegado ataque químico a partir de vídeos que circulam na internet ou de outras pessoas, alguns dias após o alegado ataque.”

“A maior parte da equipe médica… enfatizou que os sintomas das vítimas não eram consistentes com os esperados de um ataque químico”, revelou o relatório censurado. “Eles também relataram não ter [tratado] vítimas de armas químicas e algumas testemunhas mencionaram não estar cientes de nenhum ataque químico em Douma ou na Síria.”

Um artigo do New York Times de 2018 indica que tal alarmismo não se restringiu ao hospital de Douma. De acordo com o jornal, uma vez que as forças do governo atacaram, “as pessoas começaram a gritar nas ruas:’Produtos químicos! Produtos químicos!’”

O pânico que se seguiu seria, sem dúvida, de ajuda aos elementos da oposição que procuram encenar um ataque com armas químicas na cidade, o que a investigação suprimida da OPAQ sobre o incidente sugere ser precisamente o que aconteceu.

 

Guerra por procuração Síria sangra para a Ucrânia

Uma passagem particularmente notável num documento divulgado do Ministério dos Negócios Estrangeiros de 2015 estabelece termos explícitos de uma operação secreta para financiar o “ativismo mediático de base” anti-Assad por figuras da oposição “que compartilham a visão do Reino Unido para uma futura Síria.”

“Livrar-se das armas químicas de Assad” foi inicialmente uma das principais “prioridades” de Londres após a eclosão do conflito, revela o arquivo, embora a questão tenha sido “amplamente resolvida desde que as prioridades foram definidas.”

Sob estrita supervisão da OPAQ e da ONU, todas as armas químicas declaradas da Síria foram entregues e destruídas em 2014. O excerto é extremamente impressionante porque demonstra que, em particular, Londres sabia, nos mais altos níveis, que este objectivo tinha sido legitimamente concluído e que não havia ameaça de utilização de armas químicas pelo governo. Mas, em público, as autoridades britânicas continuaram a expressar sérias dúvidas de que Assad tinha, de facto, entregue todo o arsenal do país.

A contradição pode ser explicada pelo facto de os ataques com armas químicas na Síria terem continuado a passos largos após agosto de 2014, quando a OPAQ determinou que todas as existências de armas químicas da Síria tinham sido desativadas para além da utilização ou removidas do país por monitores internacionais. Como tal, era necessário inventar uma reportagem de capa sobre como esses ataques continuavam a acontecer — e pelos quais a oposição não era responsável.

O cepticismo dos poderes ocidentais sobre a narrativa da oposição síria sobre Ghouta foi um fenómeno que nunca mais se repetiria durante a crise síria. Após cada suposto ataque com armas químicas no país, as forças de Assad foram, por reflexo, culpadas, e aqueles que lançavam dúvidas sobre a culpabilidade de Damasco foram ferozmente manchados como teóricos da conspiração, negadores de crimes de guerra, ou pior.

Após o incidente de Douma em abril de 2018, a Sky News encerrou prematuramente uma entrevista com o veterano do exército britânico Jonathan Shaw assim que questionou se o exército árabe Sírio era responsável. Depois de fazer a observação óbvia de que não havia qualquer motivação para as forças do governo lançarem um ataque químico na cidade, dado que estavam a “ganhar” com armas convencionais, o microfone de Shaw foi cortado e o jornalista seguiu desajeitadamente para o assunto seguinte.

A credulidade dos principais jornalistas durante a guerra por procuração na Ucrânia excedeu de alguma forma o seu lamentável histórico durante a crise síria. Reivindicações absurdas de responsabilidade russa por eventos como a sabotagem do gasoduto Nord Stream II e a destruição da Barragem de Kakhovka foram acriticamente amplificados. E quando a história oficial entra em colapso, os ataques caem convenientemente no buraco do esquecimento.

Ninguém sabe o que os governos e espiões ocidentais estão a suprimir desta vez. Mas, como mostram os arquivos divulgados do Reino Unido sobre a Síria, há sempre mais na história do que eles estão dispostos a revelar.

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O autor: Kit Klarenberg é um jornalista de investigação que explora o papel dos serviços secretos na formação da política e das percepções.

 

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